Contratei um Assassino

Depois de perder o emprego e sentir-se totalmente sozinho, um homem decide pôr termo à própria vida. Sem coragem para o acto, recorre a uma solução radical: contrata um assassino profissional para cumprir a missão por si. A premissa, ao mesmo tempo trágica e absurda, instala uma tensão negra onde a ironia e a melancolia caminham lado a lado.

Enquanto aguarda a data marcada para a sua morte, o protagonista cruza-se com uma mulher e apaixona-se fulminantemente. Esse encontro inesperado transforma tudo — o plano, os sentimentos e a própria visão do que significa viver — criando uma série de situações tanto cómicas como comoventes. A sensação de redescoberta humana desenvolve-se de forma contida e tocante.

O filme usa um humor seco e minimalista para explorar temas de isolamento, destino e segunda oportunidade. A realização privilegia silêncios, gestos simples e uma estética sóbria que amplifica o desconforto e a ternura dos momentos vividos pelos personagens. A interpretação contida e o ritmo deliberado reforçam a ambivalência entre o absurdo da situação e a sua carga emocional.

No conjunto, trata-se de uma fábula negra sobre a condição humana — um retrato irónico de como a desesperança pode ser subitamente desfeita por um encontro fortuito. É uma obra que mistura tristeza e esperança, deixando no espectador uma sensação agridoce sobre os caprichos do acaso e a possibilidade de recomeço.